A Borracheira faz sua
estreia e a segunda apresentação, nos dia 29 e 30 de novembro, às 20 horas, no
Tapiri. Com a presença de convidados e pessoas de um público especializado. Contou
também a presença de nosso gestor da coordenação de artes cênicas do Itaú
cultural, Thiago Ferraz, que esteve acompanhando “in loco” a finalização do
Projeto.
O espetáculo nasce e com a
força da luz da poronga (poronga é uma
luminária, uma lamparina que os seringueiros usam na cabeça para percorrer as
estradas da seringa na floresta amazônica) e da floresta. Foram momentos
lindos da encenação e de um processo fruto da pesquisa Memórias Poéticas
Sobreviventes do Crescimento das Arvores, selecionado pelo Edital Rumos do Itaú
Cultural. Um trabalho de muitas imersões nas matas, nos rios, nas localidades,
nas colocações e em varias cidades ao longo do Rio Guaporé, Mamoré, Beni,
Madeira, Rio Pacaás Novos. Caminhamos pelas estradas da seringa, por caminhos
trilhados e novos. Fazendo um percurso da vivencia, da experimentação, da
busca, do aprendizado, do solúvel. Foram dias, meses e ano, em busca de
narrativas, de memórias e de histórias. Tendo como rumo o universo feminino
nesses caminhos da borracha. Um local extremamente machista e hostil.
A investigação cênica
permeou por lugares e falas. Aprofundamos ainda mais a leitura do Livro que
inspirou todo o nosso trabalho: Seringueiros da Amazônia - Sobreviventes da
Fortuna, do Dr. Nilson Santos.
Caminhamos pelas lendas e
mitos, em conversa com Elisabete Christofoleti, Psicóloga, Mestre em Educação, Analista
Junguiana-SBPA, passando pela origem e a transmtutação do mito na obra a
borracheira.
Buscamos na experiência de
Nilza Menezes a complexidade da discussão de gênero e do feminino. Um lugar da
fala da mulher nas localidades ao longo dos rios e da floresta.
Conversamos com o autor da obra,
Daniel Graziane, sobre os valores e de como foram construídas as narrativas da
obra e como se estabelece as metáforas e todo o simbolismo dos acontecimentos
da presença da mulher nesse lugar habitado por homens.
Uma Rodaturgia foi realizada
para explicar e difundir as intenções do autor.
“E no princípio criou Daniel
Graziani “A Borracheira”, uma obra
complexa, cheia de experimentações dramatúrgicas e provocações socioculturais,
antes porém, Nilson Santos, o deus pesquisador havia se banhado do caos, da
fantasia, do rios de sonhos e tragédias, das energias boas e ruins contidas nas
histórias dos seringais, histórias que ele ouviu fazendo entrevistas durante
sua pesquisa para Doutorado “Sobreviventes da Fortuna”. Essa pesquisa serviu de
base para o deus escritor Daniel desenvolver sua obra, contudo no princípio de
tudo pessoas realmente viveram parte dessas histórias, seringueiros e
seringalistas, anjos e demônios coexistindo nos seringais em busca do paraíso
que nunca chegaria”.
Com uma didática especifica
e um estudo detalhado e sensível Babaya Morais (MG) fez o trabalho de voz e a
direção do texto, palavra por palavra, num quase ritual, onde as 3 atrizes
(Flavia Diniz, Taiane Sales e Zaine Diniz) e o ator (Edmar Leite) passaram por
um trabalho individual e direcionado para ajustar e modular cada palavra, cada
frase, cada texto. “Durante os dias de estadia e trabalho em Porto Velho a Maga
da Palavra, conduziu os atores a reconhecerem seus corpos, suas potencialidades
e explorá-las nos personagens que juntos construíram. Serena em todos os
momentos criou uma relação de confiança tão forte com os atuadores, em tão
pouco tempo, algo que raramente se vê no meio artístico, já que esse está
tomado pelo ego entorpecente de pessoas que se colocam em posições que muitas
vezes estão longe de alcançar. Essa relação criada entre os co-criadores do
caminho a se seguir com a voz que deverá ser ouvida e compreendida pelos
espectadores “.
Na caminhada pelos velhos e
novos caminhos da borracha, estivemos em lugares, colocações, distritos,
cidades e regiões de difícil acesso fazendo conexões, buscando respostas para
as metáforas e para os símbolos que comporiam a cenografia e a cenopoética das
falas e do discursos dramatúrgicos, foram idas e vindas. Dos rios, da
navegação, os barquinhos que alude aos meios de contatos e de transporte de
desse povo da floresta. Na religiosidade e na força de nossa senhora dos
seringueiros (Imaculada Conceição – Nossa
Senhora do Seringueiro, Padroeira da Diocese de Guajará-Mirim, RO),
veio a coroa e o andor, com uma representação do sagrado, da devoção dos
seringueiros e da proteção das árvores. O látex, o sernambi, foi simbolizado
por “pelas” de borracha, as tigelas e por seringueiras, curiosamente construídas
a partir de peças de maquinas de lavar, reafirmando que esse lugar (o seringal)
é das águas e por fim um rio com sementes de açaí numa alusão aos elementos da
floresta, os produtos do extrativismo da floresta amazônico. A luz da ribalta foi construída a partir de lâmpadas
incandescentes construídas nas porongas que ilumina e margeia toda extensão do
rio, que também recebe umas pitadas de pedras e um tecido azul, outra metáfora que
nos liga ao céu azul e cristalino de nosso Estado. A estrutural da plateia, com
4 cantos, é uma representação da forma com se organizam a arquitetura e os
encontros na floresta, todos empoleirados num ambiente de palafitas, longe do
chão e da água. A planta da luz registra o acontecimento cênico com a preocupação
maior de iluminar os atuadores / personagens / narradores, como afirmava o
mestre da luz, Ripper, “o papel da luz cênica é o de iluminar o ator”, os
efeitos, a semiótica são mais perceptivos nas camadas dimerizáveis (intensidade
de brilho e as variantes de luminosidade).
O figurino foi concebido
(por Zaine Diniz) para transitar na tríade (ator, personagem e narrador) desenvolvida
a partir das orientações do encenador (Chicão Santos) que deseja que as camadas
e cores expressassem a valorização da atuação dos artistas e facilitassem a
identificação das multifaces e as fragmentações “printadas” na obra.
Publicação no face:
Daniel Graziane:
Muita alegria em estrear
este projeto em Porto Velho-RO. A força da Amazônia, a espiritualidade presente
na floresta, a vida dos seringueiros. Dia 29/11 e 30/11 tem a estreia no Teatro
Tapiri. Gratidão ao Imaginario, ao Chicão Santos e a todos envolvidos no projeto. Seja bem vinda a “A
Borracheira”; que seja forte, que tenha luz. Mais uma peça linda trazendo me a
felicidade da dramaturgia.
Marcelle Pereira (Proreitora
da Procea-Unir)
A Borracheira, mais um trabalho que nasce lindo!
A trajetória singular e marcante da mulher mais uma vez lindamente
representada por O Imaginário.
Cenário
perfeito, atores dispostos e entregues, iluminação, sonoplastia, figurino...Parabéns equipe!!
Show Daniel
Graziane!!
Babaya Morais
(Preparadora Vocal e Direção de Texto)
Querido, Chicão Santos, tô aqui de longe e tão perto
em pensamento acompanhando nossa história e fico cada vez mais feliz,
emocionada e orgulhosa pelos resultados e comentários! Vc conseguiu realizar
né? Como sempre vc é um guerreiro... um vencedor! E os artistas que te cercam
estão irmanados por esta obra tão bela e necessária! Bjs com saudade de todos!
Bado (Compositor e cantor)
Parabéns aos atores e toda equipe de produção!! O IMAGINÁRIO é
realmente referência em ações culturais que nos revelam talentos e
criatividades sem fim em nosso estado...Parabéns Chicão e Zaine !!!
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